segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Prostíbulo individual


        Encontro-me perdido nas indagações inacabáveis dos seres humanos mergulhados em seus temperamentos contraditórios. Vivo apenas a sentir uma fadiga incontestável da minha imagem distorcida em meio ao espelho sujo. Sujeira que domina, sujeira que escreve nostalgia. E por aquilo, aqueles outrora lutaram na sangria de um prostíbulo individual. Houve um tempo em que a contagem do efêmero deu-se no aparecer e desabrochar das rosas vermelhas que cheiram ao desejo de parar.

Vitor Galles

sábado, 20 de junho de 2009

Ao me tocar


A cada palavra que soa entre os seus lábios posso sentir o ar que me falta ao te ouvir. O timbre inebriante de sua voz me faz querer me entregar ilegalmente ao impossível. Quando censurar seus olhos ao me tocar, sinta nascer entre nossos corpos o devaneio do fruto em que entre nós foi proibido. Tenha-me como puder. Quando os ouvidos me taparem, abrirei meus olhos e a luz da esperança que incendeia os desesperados, me fará ver o encanto em sua face. Sondar o caminho por onde você passa é como entrar em sintonia no melodrama incessante de Shakespeare e descobrir que nesse teatro o espectador é minha realidade enfadonha. Tenha-me como puder.

Vitor Galles

terça-feira, 9 de junho de 2009

Melodrama na consciência humana


        O cúmulo da ingenuidade seria acreditar que dentre os seres humanos o devaneio da consciência de cada um fosse igual. Cada qual faz o melodrama em sua cabeça, distinto do teatro vizinho e é infinita a platéia que vê. Visível aos olhos no tablado, os ouvidos tapados e olhos vendados do ser humano imerso nos acontecimentos do seu dia-a-dia e os espectadores que assistem ao espetáculo. Uns percebem que o mundo deve ser olhado e ouvido, já outros se afogam no conhecimento da realidade humana. Sondar seria a expressão correta para tentar compreender o que se passa em cada tipo de consciência existente através deste ensaio.
        A consciência mágica localiza-se no nirvana de quem se engana ao se fechar para o que ocorre na sociedade próxima. A história está em constante construção e evolução. O mágico está preso ao seu passado. Aqui o homem se funde com a própria natureza, regredindo até o mundo animal. É a prática da cultura da passividade, em que o invasor impõe a ordem e a aceitabilidade é fato.
        O meio termo destaca-se na consciência transitivo-ingênua. As inquietações em saber que a existência é algo real os deixam perplexos com a vida. É como sentir que algo está errado e que uma ação pode ser feita pra tentar mudar o que se passa no mundo. A sina, que é dada ao mágico, deixa de existir no ingênuo, passando a ver a realidade como algo passível de mudança.
        A consciência crítica é a superação da superficialidade. Assim o ser humano passa a ser o protagonista da sua própria história. Sabe interagir com sua reflexão com ação, sendo capaz de não fazer distinção entre o trabalho manual e o intelectual. É a ideologia e filosofia em carne viva. Diferente da consciência ingênua, a crítica não vê o homem no plano abstrato, mas sim na sua totalidade. Mente perigosa essa, que reflete, contesta e transforma.
        Fingir inteligência é acreditar na igualdade de consciência. O espectro real ainda é a imagem do mágico chegando ao ingênuo. O cerco da mente perigosa ainda está fechado para poucos. Cabe a cada um de nós decidir se o melhor é deixar se enganar pela própria mente ou libertar-se do cabresto que nos prende.


Vitor Galles.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Sou




Oh Deus! Perdoai a minha alma maléfica. Vingai aqueles que querem me extinguir. Vou me abster! Não, não vou! Eu sou vivo! Sou carne, sou sangue que corre nas veias. Sou a dor que o amor sustenta. Sou que nem a poeira dos redemoinhos! Impregno! Sou sujo! Sofro a dor do não existir, sofro a dor do não possuir. Resumo-me no volúvel. Há aqueles que querem me sentir dentro de si. Sou passado, presente e futuro na história. Sou bom! Posso ser sentido! Eu existo. Só eu tenho o poder de fazer essa matéria ir aos céus. Eu sou céu e inferno. Eu sou amor.




Vitor Galles.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Memórias de um beijo



        Sinto-me o mais perfeito dos ilusionistas. Engano-me procurando em outras bocas, o belo e o mais suave beijo que você me deu! Em meio à procura, encontro-me frustrado, preso pelo cabresto do seu amor, que insiste me guiar até você. Por você meu anjo, enfrentaria o poder dos deuses, beijaria os pés de Afrodite, para que assim, me concedesse a graça e a euforia de estar ao seu lado!
        Não há arte que explique o quão é grande e mágico, meu amor por você. Salvador Dali com o seu surrealismo, não seria capaz de transparecer o real significado deste amor, nem mesmo Álvares de Azevedo compreenderia minha busca incessante por você!
        É na tristeza que mostro para a vida, a minha boca molhada e marcada pelo beijo seu!

Vitor Galles.

terça-feira, 5 de maio de 2009

Um lugar



        É na certeza que venho através deste, desprender-me de tudo e de todos que fazem da minha vida uma mediocridade. Vou-me embora para minha pasárgada. Sim! Minha pasárgada existe. Lá a minha vida segue o ritmo de uma salsa caliente, onde na dança da minha vida, não há desejos que não possam se realizar. Lá não existe a teoria de Freud. O SUPEREGO e EGO não vigoram mais, e sim o meu ID que sente-se livre para ser, fazer e estar onde bem desejar.
        A hipocrisia do sexo lá não se vê mais, sinta-se à vontade para sentir os prazeres da vida, e gozar de perfeita luxúria, e fazer o que há de melhor na vida. Os sexos ali não estão definidos, sou eu quem os defino.
        O melhor de tudo, é saber que lá eu sou amigo de tudo e de todos, sinto-me feliz. Lá cantarolo com Whitney Houston, sim somos bons amigos! Não sou amigo do rei, lá não existe rei, não há a desigualdade. E no soar da música da vida, eu bailo levemente. No mais, vou-me embora para minha pasárgada.


Vitor Galles.

terça-feira, 14 de abril de 2009

Divã das bestas




        Venha me possuir meu anjo mau, siga o meu caminho pecaminoso e os ventos revoltos que carregam meu feromônio. Encontro-me no pico da montanha, deitada no divã daqueles que um dia brincaram e gozaram a vida. Leve junto de ti, todos os seus desejos que o seu corpo sonha em realizar.
        No divã das bestas, pega-se fogo, exala-se o cheiro da sedução. Verás as linhas e traços do meu corpo nu, que lhe espera pronto para que a fome do seu desejo eu sacie.
        Saia do seu celibato, largue toda a sua castidade e devora-me vorazmente. Apalpe os meus seios, acaricie minha fenda, lubrifica-me com a tua saliva. Vagarosamente, sinta o calor interno do meu corpo. No galope de um cavalo, ejacule o seu líquido sagrado.
        Saciado, sinta-se à vontade para voltar aos céus que lhe guardam.