sábado, 20 de junho de 2009

Ao me tocar


A cada palavra que soa entre os seus lábios posso sentir o ar que me falta ao te ouvir. O timbre inebriante de sua voz me faz querer me entregar ilegalmente ao impossível. Quando censurar seus olhos ao me tocar, sinta nascer entre nossos corpos o devaneio do fruto em que entre nós foi proibido. Tenha-me como puder. Quando os ouvidos me taparem, abrirei meus olhos e a luz da esperança que incendeia os desesperados, me fará ver o encanto em sua face. Sondar o caminho por onde você passa é como entrar em sintonia no melodrama incessante de Shakespeare e descobrir que nesse teatro o espectador é minha realidade enfadonha. Tenha-me como puder.

Vitor Galles

terça-feira, 9 de junho de 2009

Melodrama na consciência humana


        O cúmulo da ingenuidade seria acreditar que dentre os seres humanos o devaneio da consciência de cada um fosse igual. Cada qual faz o melodrama em sua cabeça, distinto do teatro vizinho e é infinita a platéia que vê. Visível aos olhos no tablado, os ouvidos tapados e olhos vendados do ser humano imerso nos acontecimentos do seu dia-a-dia e os espectadores que assistem ao espetáculo. Uns percebem que o mundo deve ser olhado e ouvido, já outros se afogam no conhecimento da realidade humana. Sondar seria a expressão correta para tentar compreender o que se passa em cada tipo de consciência existente através deste ensaio.
        A consciência mágica localiza-se no nirvana de quem se engana ao se fechar para o que ocorre na sociedade próxima. A história está em constante construção e evolução. O mágico está preso ao seu passado. Aqui o homem se funde com a própria natureza, regredindo até o mundo animal. É a prática da cultura da passividade, em que o invasor impõe a ordem e a aceitabilidade é fato.
        O meio termo destaca-se na consciência transitivo-ingênua. As inquietações em saber que a existência é algo real os deixam perplexos com a vida. É como sentir que algo está errado e que uma ação pode ser feita pra tentar mudar o que se passa no mundo. A sina, que é dada ao mágico, deixa de existir no ingênuo, passando a ver a realidade como algo passível de mudança.
        A consciência crítica é a superação da superficialidade. Assim o ser humano passa a ser o protagonista da sua própria história. Sabe interagir com sua reflexão com ação, sendo capaz de não fazer distinção entre o trabalho manual e o intelectual. É a ideologia e filosofia em carne viva. Diferente da consciência ingênua, a crítica não vê o homem no plano abstrato, mas sim na sua totalidade. Mente perigosa essa, que reflete, contesta e transforma.
        Fingir inteligência é acreditar na igualdade de consciência. O espectro real ainda é a imagem do mágico chegando ao ingênuo. O cerco da mente perigosa ainda está fechado para poucos. Cabe a cada um de nós decidir se o melhor é deixar se enganar pela própria mente ou libertar-se do cabresto que nos prende.


Vitor Galles.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Sou




Oh Deus! Perdoai a minha alma maléfica. Vingai aqueles que querem me extinguir. Vou me abster! Não, não vou! Eu sou vivo! Sou carne, sou sangue que corre nas veias. Sou a dor que o amor sustenta. Sou que nem a poeira dos redemoinhos! Impregno! Sou sujo! Sofro a dor do não existir, sofro a dor do não possuir. Resumo-me no volúvel. Há aqueles que querem me sentir dentro de si. Sou passado, presente e futuro na história. Sou bom! Posso ser sentido! Eu existo. Só eu tenho o poder de fazer essa matéria ir aos céus. Eu sou céu e inferno. Eu sou amor.




Vitor Galles.