terça-feira, 9 de junho de 2009

Melodrama na consciência humana


        O cúmulo da ingenuidade seria acreditar que dentre os seres humanos o devaneio da consciência de cada um fosse igual. Cada qual faz o melodrama em sua cabeça, distinto do teatro vizinho e é infinita a platéia que vê. Visível aos olhos no tablado, os ouvidos tapados e olhos vendados do ser humano imerso nos acontecimentos do seu dia-a-dia e os espectadores que assistem ao espetáculo. Uns percebem que o mundo deve ser olhado e ouvido, já outros se afogam no conhecimento da realidade humana. Sondar seria a expressão correta para tentar compreender o que se passa em cada tipo de consciência existente através deste ensaio.
        A consciência mágica localiza-se no nirvana de quem se engana ao se fechar para o que ocorre na sociedade próxima. A história está em constante construção e evolução. O mágico está preso ao seu passado. Aqui o homem se funde com a própria natureza, regredindo até o mundo animal. É a prática da cultura da passividade, em que o invasor impõe a ordem e a aceitabilidade é fato.
        O meio termo destaca-se na consciência transitivo-ingênua. As inquietações em saber que a existência é algo real os deixam perplexos com a vida. É como sentir que algo está errado e que uma ação pode ser feita pra tentar mudar o que se passa no mundo. A sina, que é dada ao mágico, deixa de existir no ingênuo, passando a ver a realidade como algo passível de mudança.
        A consciência crítica é a superação da superficialidade. Assim o ser humano passa a ser o protagonista da sua própria história. Sabe interagir com sua reflexão com ação, sendo capaz de não fazer distinção entre o trabalho manual e o intelectual. É a ideologia e filosofia em carne viva. Diferente da consciência ingênua, a crítica não vê o homem no plano abstrato, mas sim na sua totalidade. Mente perigosa essa, que reflete, contesta e transforma.
        Fingir inteligência é acreditar na igualdade de consciência. O espectro real ainda é a imagem do mágico chegando ao ingênuo. O cerco da mente perigosa ainda está fechado para poucos. Cabe a cada um de nós decidir se o melhor é deixar se enganar pela própria mente ou libertar-se do cabresto que nos prende.


Vitor Galles.

2 comentários:

  1. Adorei o texto! Muito bom mesmo! Vamos nos libertar de todos os cabrestos, deixar de ser gado e virar gente no sentido pleno da palavra!
    Bjo!

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  2. Parabéns, você escreve muito bem.

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